“Devia ser
proibido ensinar a ler e a escrever no jardim de infância”. A ideia foi
defendida por Eduardo Sá no encontro “Vale a Pena ir à Pré”, uma iniciativa
conjunta da Carlucci American International School of Lisbon
(CAISL) e da revista Pais&filhos destinada a debater e
esclarecer o valor do ensino pré-escolar na educação de uma criança.
Eduardo Sá, que começou por manifestar o seu desacordo pela
“distinção que é feita entre educação infantil e ensino obrigatório”,
considerou depois que ainda existem alguns “erros” nos moldes em que, por
vezes, o ensino pré-escolar é praticado.
“O jardim de infância não é para aprender a ler nem a escrever”,
criticou, lembrando que “as crianças antes de aprender a ler, aprendem a
interpretar “ e que “não é por tornarmos uma criança um macaquinho de imitação
que ela vai ser mais inteligente”. Eduardo Sá, psicólogo clínico com grande
parte da sua carreira dedicada à psicologia infantil, defendeu que o jardim de
infância deve antes ser um local onde a criança exerça atividade física pois,
justificou, “as crianças aprendem a pensar com o corpo” e se souberem mexer o
corpo “mais expressivas serão em termos verbais”.
Além disso, prosseguiu, o jardim de infância deve ser um local
para a criança receber educação musical (“a música torna-os mais fluentes na
língua materna”) e educação visual (“quanto mais educação visual tiverem, menos
dificuldades têm de ortografia”). Por outro lado, disse ainda, as crianças
precisam de “contar e ouvir histórias” no jardim de infância, sublinhando que
“as histórias ajudam a pensar” e a “linguagem simbólica a arrumar os
pensamentos”.
Mas, mais que tudo isso, o jardim de infância deve ser um espaço
para a criança brincar. A brincadeira é um “património da humanidade” que a
ajuda “a pensar em tempo real e a resolver dificuldades”, salientou o
psicólogo, sublinhando que “brincar não pode ser uma atividade de fim de
semana” nem os espaços para brincar podem estar confinados a pátios fechados.
“É obrigatório que as crianças brinquem na rua”, defendeu.
Em suma, concluiu, “o jardim de infância faz bem à saúde” e é
urgente que seja “acarinhado”. Sob pena de virmos a pagar no futuro “custos
exorbitantes” por tal esquecimento.
Após a comunicação inaugural de Eduardo Sá, o encontro “Vale a
Pena ir à Pré” prosseguiu com debates e workshops, nos quais estiveram em
destaque, entre outros, temas como a promoção da auto-estima e da
confiança, os sinais de alerta no desenvolvimento infantil e a
importância da informática na primeira infância.
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